Ansiedade e depressão são condições psiquiátricas altamente predominantes em todo o mundo. O estresse não é considerado como distúrbio, mas quando os estressores são contínuos por um período de tempo, podem surgir ansiedade e depressão, afetando amplamente o humor.A ansiedade e depressão frequentemente, mas nem sempre, coexistem, impactando o bem-estar, relações pessoais, carreira e produtividade.Devido aos efeitos colaterais e adversos dos medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, muitos pacientes preferem medicamentos fitoterápicos. A fitoterapia tem sido amplamente utilizada entre os que sofrem de transtornos de humor e ansiedade desde a antiguidade. Hoje, estima-se que a fitoterapia seja usada por até quatro bilhões de pessoas (80% da população mundial). Em muitos países é comum a busca pela Medicina Integrativa como recurso adicional no manejo destas condições. Os terapeutas (naturopatas, fitoterapeutas) trabalham dentro de uma estrutura holística, colocando o paciente em um contexto ambiental, utilizando a fitoterapia em prescrições individualizadas, frequentemente em conjunto com conselhos sobre dieta e estilo de vida.Um grande conjunto de evidências sustentam a eficácia das ervas utilizadas nos tratamentos da ansiedade e depressão. Fitoterápicos como a Camomila (Matricariarecutita), aEquinácea (Echinaceapurpurea), a Gotukola (Centellaasiatica), o Maracujá (Passiflora incarnata), a Kava-kava (Piper methysticum), a Erva de São João (Hypericumperforatum), o pistilo e as pétalas de açafrão (Crocussativus) e a Rhodiolarosea demonstram efeitos ansiolíticos e/ou antidepressivos em estudos pré-clínicos e em estudos clínicos. Várias outras ervas estão sendo analisadas em estudos pré-clinicos e apresentam grande potencial de ação nestas doenças. Assim a utilização da fitoterapia, as intervenções nutricionais com alimentos e suplementos anti-oxidantes, como os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (ω-3), a coenzima Q10 (CoQ10), o açafrão, a pimenta preta e as vitaminas antioxidantes (VitaminasA, E e C), bem como, as modificações do estilo de vida realizando o gerenciamento aprimorado do estresse através de práticas mente-corpo (por exemplo: exercícios físicos, ioga, Tai Chi, meditação) podemser úteis para reduzir o risco de ansiedade, depressão e suas comorbidades.Muito importante lembrar que a avaliação das interações medicamentosas entre os medicamentos convencionais e os fitoterápicos sempre deve ser realizada, pois os dois tipos de medicamentos contém substâncias químicas que podem potencializar ou anular os efeitos uns dos outros. A recomendação e de sempre consultar um profissional de saúde antes de adotar uma prática alternativa de tratamento associada a uma prática convencional.
Introdução
Ansiedade e depressão são condições psiquiátricas altamente predominantes em todo o mundo. A depressão é a doença mental mais prevalente, comprometendo a saúde de 6 a 25% na população em geral, e é prevista como a principal causa de incapacidade no mundo até 2030.O estresse não é considerado como distúrbio, mas quando os estressores são contínuos por um período de tempo, podem surgir ansiedade e depressão, afetando amplamente o humor. A ansiedade é um estado emocional angustiante e desagradável de inquietação nervosa que se estende além do uma resposta fisiológica normal de adaptação ao estresse. A depressão envolve sentimento de tristeza e/ou perda de interesse em atividades pré-existentes.A ansiedade e depressão frequentemente, mas nem sempre, coexistem, impactando o bem-estar, relações pessoais, carreira e produtividade.Pessoas com depressão têm muito mais risco de desenvolver doenças crônicas complexas, como diabetes,doenças cardiovasculares e hipertensão, que podem diminuir significativamente sua qualidade de vida.
A patogênese da depressão fundamenta-se no comprometimento da monoamina, redução da produção de monoaminaou disfunção secundária do mensageiro. Nos últimos anos, uma atenção adicional também se concentrou no papel de anormalidades neuroendocrinológicas como excesso decortisol, assim como citocinas ou alterações esteroidais, alterações na transmissão GABAérgica e/ou glutamatérgica, e o comprometimento da função opióide endógena , bem como alterações no ritmo circadiano.A fisiopatologia da ansiedade não é tão clara quanto a da depressão e ainda precisa ser estabelecida. Contudo, evidências atuais indicam que a fisiopatologia de ansiedade inclui anormalidades neurobiológicas de transmissão noradrenérgicas, serotoninérgicas, GABAérgicas e glutamatérgicas. O envolvimento desses sistemas é refletido na eficácia dos benzodiazepínicos, inibidores da recaptação de serotonina seletiva, bem como inibidores da recaptação da noradrenalina no tratamento de ansiedade.
Devido aos efeitos colaterais e adversos dos medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, muitos pacientes preferem medicamentos fitoterápicos. A fitoterapia tem sido amplamente utilizada entre osque sofrem de transtornos de humor e ansiedade desde a antiguidade. Hoje, estima-se que a fitoterapia seja usada por até quatro bilhões de pessoas (80% da população mundial). Um estudo australiano de 2019 relata que aproximadamente 22% das mulheres que procuram tratamento para a depressão consultaram um Naturopata ou Fitoterapeuta, os quais trabalham dentro de uma estrutura holística, colocando o paciente em um contexto ambiental, utilizando a fitoterapia,com prescrições individualizadas, frequentemente em conjunto com conselhos sobre dieta e estilo de vida.Esta abordagem holística e personalizada para o tratamento de pacientes é um componente essencial da Medicina Integrativa e um grande conjunto de evidências sustentam a eficácia das ervas utilizadas. No entanto, há necessidade de realizar pesquisas mais rigorosas destes tratamentos fitoterápicos, através de ensaios clínicos randomizados controlados convencionais, para garantir que os resultados reflitam com precisão o que ocorre na práticaclínica, estas pesquisas estão sendo realizadas em todo o mundo e visam fundamentar o desenvolvimento das políticas de saúde.
Revisão da fitoterapia utilizada na Ansiedade/Depressão
Neste texto faremos uma revisão da literatura científica sobre o uso da fitoterapia em condições de ansiedade e depressão. Os medicamentos fitoterápicos, em particular, estão sendo amplamente investigados em sua ação na ansiedade e depressão. Na ansiedade, por exemplo, a Camomila (Matricariarecutita) reduziu significativamente os sintomas de ansiedadequando comparadas ao placebo, além de ser muito bem tolerada, sem aumento de eventos adversos. A Echinaceadiminuiu significativamente ansiedade ao longo do tempo (3 dias); a Gotukola reduziu significativamente a amplitude da resposta de sobressalto e redução da ansiedade em 26% dos pacientes estudados; o Maracujá (Passiflora incarnata) reduziu significativamente os sintomas de ansiedade em três ensaios clínicos. Alguns medicamentos fitoterápicos como aKava-kava (Piper methysticum) apresentam boas evidências de eficácia clínica com incidência muito baixa de efeitos adversos. As ervas também são muito investigadas em seus efeitos antidepressivos. Várias metanálises sobre a erva de São João (Hypericumperforatum) em comparação com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRI) ou com placebo demostraram que esta erva é significativamente melhor que o placebo e de eficácia semelhante a muitos medicamentos antidepressivos convencionais. Estudos menores identificaram outras opções, como o pistilo e pétalas de açafrão (Crocussativus), que demonstrou melhora significativa da depressão em relação ao placebo com efeitos equivalentes à Imipramina e a Fluoxetina.
Os mecanismos de ação antidepressiva de medicamentos fitoterápicos, na maioria dos casos, não são tão claros quanto os medicamentos sintéticos, tendo uma infinidade de efeitos biológicos na receptação e ligação ao receptor de várias monoaminas, além de modulação endócrinas e psiconeuroimunológicas. Algumas plantas medicinais com atividade antidepressiva como o Hypericumperforatum, Crocussativus (açafrão)e Rhodiolarosea, oferecem resultados promissores para o tratamento da depressão via ações psicofarmacológicas conhecidas como inibição recaptação da monoamina (noradrenalina, serotonina e dopamina), inibição da monoamina oxidase, sensibilização e aumento da ligação dos receptores de serotonina, ou modulação neuroendócrina. Outros efeitos sugeridos incluem efeitos GABAérgicos, e efeitos no sistema opióide e canabinóide. Alguns medicamentos fitoterápicos, como Rhodiolarosea e Crocussativuspossuem efeitos de elevação do humor e também exibem atividade ansiolítica. Isso pode ser devido à modulação das vias neurológicas (sistemas GABAérgicos, serotoninérgicos e noradrenérgicos) que têm efeitos antidepressivos e ansiolíticos. Portanto, realizando o tratamento da depressão, a ansiedade também pode ser reduzida. Vários medicamentos fitoterápicos mostraram efeitos antidepressivos em ensaios pré-clínicos e clínicos. Os mais importantes destes, com ensaios clínicos, estão detalhados na Tabela 1 e os outros que têm ensaios pré-clínicos, juntamente com seus componentes estão resumidos na Tabela 2.
Tabela 1. Mecanismos de ação e aplicações clínicas de antidepressivos à base de plantas.
Plantas | Efeitos e possíveis mecanismos | Uso clínico | Principal componente ativo |
Echiumamoenum (Borage) | Efeitos antidepressivo e ansiolítico (mecanismo desconhecido) | Ansiedade Depressão | Ácido Rosmarínico Thesinine |
C. sativus (Açafrão pétalas e pistilo) | Inibição da receptação de Dopamina, Norepinefrina e Serotonina; Agonista GABA; Antagonismo de receptor NMDA; Efeitos ansiolíticos | Safranal | |
H. perforatum (Erva de São João) | Atividade Dopaminérgica; Inibição da receptação de Dopamina, Norepinefrina e Serotonina; Degradação diminuída de neuroquímicos; Aumento da ligação/sensibilidade ao 5-HT1A,B; Inibição da liberação neuronal de Glutamato; Modulação Neuroendócrina; Atividade Antidepressiva e ansiolítica | Depressão Depressão Bipolar | Hyperforin Hypericin |
Lavandula spp. (Lavanda) | Modulação GABA | Ansiedade Depressão Tensão somática | Linalool Linaylacetate |
Panaxginseng (Ginseng coreano) | Modulação do eixo HPA Modulação de dopamine, norepinefrina e serotonina; Atividades antinflamatória e antioxidante; Inibição da síntese de óxido nítrico | Depressão Baixa cognição Fadiga | Ginsenoside Rb1 Ginsenoside Rg1 |
Albiziajulibrissin (mimosa) | Afinidade de ligação ao receptor5-HT1a e 5-HT2c; Efeitos antidepressivo e ansiolítico; Decréscimo da latência do sono e aumento da duração do sono | Ansiedade Depressão Insônia | Julibroside |
Rhodiolarosea | Inibição de Monoamina oxidase A Modulação de Monoamina (5-HT) Anti-ansiedade Inibição da liberação de cortisol,protínaskinases stress-induzidas, óxido nítrico | Ansiedade Depressão Fadiga Comprometimento da cognição | Rosavin |
Tabela 2. Plantas com ação ansiolítica e antidepressiva e seus componentes
Nome científico |
| Família | Nome das substâncias biológicas |
Achilleamillefolium | Asteraceae | Óleo essencial, compostos polifenólicos, algumas espécies de flavonas, sesquiterpenos, lactonas e betaína | |
Cassia fistula | Fabaceae | Esteróis, flavonoides, anthraquinonas, diterpenoides, triterpenoides, catechina, furfural, chrysophanol | |
Citrusaurantium | Rutaceae | Hesperidina, neohesperidina, doxepina, apigenina | |
C. sativus L | Iridaceae | Crocin, crocetin, picrocrocin, safranal | |
Dracocephalupolychaetum bornum
| Lamiaceae | Terpene, tanino e ácido fenólico, geraniol, geranylacetate, noural e ácidos rosmarinicoe cafeico, derivados de ácido cinamico, tanino e triterpenos como ácido oleanolico e acacetin | |
Foeniculumvulgare | Apiaceae | Palmiticacid, oleicacid, linolenicacid, petroselinicacid | |
Lavandulaangustifolia Mill. | Labiatae | Linalol acetato, linalil-acetato, sinoel, nerol, perneol, camarines, taninos, flavonoides | |
Matricariachamomilla | Asteraceae | Óleos essenciais terpenoides (azlon, chamazulene, oxide flavonoides), bisabolol, a e b sesquiterpenos (apigenina, chrysene, luteolina, quercetina), cumarinas (umbelliferone), cycloserinee mucilagens, salts, polysaccharides, tannin and fatty acids
| |
Melissa officinalis
| Lamiaceae | Citral, geraniol, linalol, citronelal, ácisocafeico, anetol, terpineol-4, carvacrol-4, piperitone, eugenol, ácido rosemary, ácidos fenólicos e flavonóides, ácidcarnosico, ácido linoleico, ácido ursolico, ácida rosmarinico | |
Nardostachysjatamansi | Valerianceae | Ácidos Isovalerico, valepotriate, sesquiterpenos | |
Ocimumbasilicum
| Lamiaceae | Thujone, myrcene, linalol, geraniolcaryophyllene, carrone, ácido ursolico, apigenina, farnesol fenchone-pinene, cis-ocimene, trans-ocimenecamfora, eugenol, metil-eugenol, α-farnese, α-bisabolene, D-germacrene, cineole
| |
Passifloraincarnata | Passifloraceae | Vitexin, iso-vitexin, passiflorin, harman, limonene, cumene, α-pinene | |
Peganumharmala | Nitrariaceae | Norharmalin, harmin, harmaline e harmal | |
Primulavulgaris
| Primulaceae | Ácidos Gamma-linolenico e linolenico | |
Prunusamygdalus | Rosaceae | Ácido a-Linolenico, ácido eicosapentaenoico, ácido oleico e ácido docosahexaenoico | |
Rosa spp. | Rosaceae | Geraniol, citronellol, linalol, stearoptene | |
Scrophulariastriata, | Scrophulariaceae | flavonoidesfenolicos e compostos flavonolicos, ácido cinamico, isorhamnetin-3-o-rutinoside, quercetina, fenilpropanoidglicoside, nepitrin, acteoside | |
SilybummarianumL. | Asteraceae | silimarine | |
Spinaciaoleracea | Amaranthaceae | Ácido linoleico, ácido palmítico folico, saponina, lecithina, ácido hexa linoleico, caroteno, licopeno, ácido cumarico, nucleosidio purina, rubiscolina | |
Stachyslavandulifolia | Laminacea | Feniletanol, terpenoide, flavonoide, mircene, α-pinene, γ-muurolene | |
TiliaplatyphyllosScop. | Tiliaceae | Diferentes flavonoides como tiliroside, quercetina, isoquercetina, hiperoside e diferentes aminoácidos como alanina, cisteínaand cistina | |
Vitex agnus | Verbenaceae | Fitoestrógenos | |
Vitex agnus-castus
| Verbenaceae | Sabineno, pineno, sesquiterpeno, chrysophanol, aucubin |
Um estudo recente envolvendo 426 pacientes que foram avaliados quanto às taxas de remissão após o uso contínuo por 26 semanas de 300 mg de H.perforatum, três vezes dia, ou placebo, revelou uma taxa de recaída de18%deste em comparação com 26% para o placebo. A tolerabilidade de H.perforatum demonstrou ser melhor do que alguns antidepressivos sintéticos. Estudos comparativos entre extrato de H.perforatum e paroxetina, revelaram uma taxa de eventos adversos 10 a 39 vezes maior para paroxetina. Dois ensaios utilizando 60 mg-90 mg de extrato de Crocussativus mostraram melhora significativa da depressão em relação ao placebo. Efeitos equivalentes ocorreram em três ensaios clínicos comparando Crocussativuscom imipramina e fluoxetina.
Esses resultados parecem encorajadores, no entanto,o tempo de análise nos ensaios (4-6 semanas), e o pequeno número da amostra (n = 30-45) são limitações existentes para confirmar a potencial de eficácia desses compostos.Um ensaio clínico comparando Lavandulaspp com Imipramina revelou que a Lavandulaofficinalis não foi tão eficaz quanto a Imipramina, mas a combinação das duas foi mais eficaz que a Imipramina sozinha, indicando um possível efeito sinérgico. Um estudo usando extrato de R. rosea a 340 mg /d e 680 mg /d em comparação com o placebo, no tratamento de depressão moderada, revelou uma significativa relaçãodose-dependente.
Várias plantas com atividade ansiolítica foram estudadas em ensaios clínicos. Uma revisão de metanálise de sete ensaios clínicos randomizados usando Piper methysticum (Kava-kava) mostrou uma ação significativa na comparação do grupo controle com placebo. Um ensaio clínico revelou que a administração aguda de Scutellarialateriflora atenuou a ansiedade. Outro ensaio usando P. incarnata para ansiedade pré-cirúrgica mostrou uma redução significativa da ansiedade. O estudo toxicológico com P. incarnata também não revelou evidências de preocupações com segurançapara esta erva. Um ensaio clínico usando uma dose flexível de Matricariarecutita revelou um efeito significativo em favor da intervenção da planta, sem efeitos adversos significativos no grupo Matricariarecutita, mesmo com doses mais altas. Extrato de Ginkgobiloba (480 mg /d ou 240 mg /d) empacientes com ansiedade, também revelaram uma significativa redução dose-dependente. O H. perforatum demonstrou reduzir a ansiedade em longo prazo, com baixo nível de efeitos colaterais. Muitas plantas ansiolíticas revisadas apresentaram melhora no humor (P.methysticum e Melissa officinalis), redução da tensão muscular ou da dor Eschscholziacalifornica, ação hipnótica ou ação sedativa para insônia (Scutellarialateriflora e P. incarnata) ou aprimoramento da cognição Ginkgobiloba e Bacopamonniera. No entanto, enquanto os resultados são positivos para um grande grupo de plantas medicinais, nenhuma conclusão definitiva pode ser alcançada em alguns casos, poisa condição de ansiedade é notória pela alta resposta ao placebo, e em alguns estudos, nenhum placebo foi empregado.
Existem muitos ensaios clínicos e pré-clínicos, que mostram a eficácia da medicina fitoterápica no tratamento da ansiedade e depressão. No entanto, existem poucos relatos clínicos consistentes ou bem embasados. A outra questão é que muitos medicamentos fitoterápicos ainda não foram rigorosamente testados em ensaios clínicos em humanos. Vários medicamentos fitoterápicos como B. monniera, E. californica, M. officinalis e Withaniasomnifera, mimosa (Albiziajulibrissin), Zizyphusjujuba, foram pesquisados em modelos pré-clínicos com resultados positivos, no entanto, estes ainda não foram estudados como monoterapiasno tratamento de distúrbios psiquiátricos. Deve-se notar que os constituintes das plantas sofrem metabolismo significativosendo biotransformado em novas estruturas químicas. Assim, a evidência in vitro nem sempre pode ser extrapolada para a eficácia clínica em humanos. Portanto, neste estudo, tentamos apresentam principalmente evidências clínicas de eficácia. Note-se que algumas plantas medicinais revisadas neste artigo, além de ser usado na prática moderna para tratar a ansiedade e a depressão, são usadas para outras condições. Por exemplo, E. californica é usada para insônia e dor, B. monniera para tratamento dedéficits cognitivos e M. officinalis em queixas gastrointestinais como dispepsia. A diferença de bioequivalência de preparações utilizadas em ensaios clínicos deve ser levada em consideração, pois isto é importante quando os resultados de diferentes estudos não são consistentes.
Intervenções nutricionais na Ansiedade e Depressão
Oestresse não é considerado como distúrbio, mas quando os estressores são contínuos por um período de tempo, podem surgir ansiedade e depressão, afetando amplamente o humor. O estresse causa acúmulo anormal de radicais que são os principais fatores na indução de várias complicações como diabetes, aterosclerose, doenças cardiovasculares, distúrbios neurológicos e câncer, além de ansiedade e depressão. Estas condições podem causar muitas alterações, incluindo alterações no estado redox. Foi revelado que indivíduos estressados têm menos níveis de antioxidantes no soro sanguíneo do que aqueles que não estavam sofrendo de ansiedade ou depressão.Intervenções nutricionais com alimentos e suplementos anti-oxidantes, incluindo ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (ω-3), coenzima Q10 (CoQ10), açafrão, pimenta preta e vitaminas antioxidantes (Vitamina E e Vitamina C), teve um impacto positivo na gravidade dos sintomas relatados. A maioriadas plantasusadas na fitoterapia possuem, além dos ativos com mecanismos de ação específicos, uma grande gama de substâncias com atividade antioxidante. As plantas medicinais demonstraram aliviar o estresse em doenças como diabetes, câncer, infecção e distúrbios gastrointestinais. Portanto, seus efeitos na ansiedade e depressão, pelo menos em parte, pode ser devido a suas atividades antioxidantes.
Modificação do estilo de vida na Ansiedade e Depressão
A modificação do estilo de vida usando uma estratégia como gerenciamento aprimorado do estresse através de práticas mente-corpo (por exemplo, ioga, Tai Chi, meditação) pode ajudar a reduzir os níveis ansiedade. Evidências emergentes mostram que os exercícios físicos de intensidade moderada a longo prazo podem efetivamente aliviar os sintomas depressivos e de ansiedade e podem ser amplamente utilizados nos tratamentos. Atividades como ciclismo, esteiras, caminhada e Tai Chicomprovadamente melhoraram a qualidade de vida dos pacientes. Foi demonstrado que o yoga reduziu significativamente os níveis de estresse em 41% em um estudo comparando indivíduos que praticam em relação aos que não praticam. Como a ioga, qualquer prática de relaxamento pode ser útil para reduzir os níveis de estresse e, por sua vez, reduzir o risco de depressão e suas comorbidades.
Conclusão
A avaliação clínica ou pré-clínica de plantas medicinais é uma tarefa complicada. Por exemplo, a composição química das preparações à base de plantas depende de muitos fatores, como diferenças ambientais e genéticas, época da colheita, exposição a vetores aéreos, qualidade do solo, diferenças de partes de plantas utilizadas e métodos de preparação. Consequentemente, é difícil produzir extratos padronizados com composição química reproduzível. Embora estudos pré-clínico dos principais constituintes ativos sejam úteis, os resultados positivos nestes testes não podem garantir a mesma eficácia em testes clínicos.Enquanto as plantas medicinais são encorajadoras para o tratamento da ansiedade e depressão, novas pesquisas utilizando metodologia robusta, o uso de biotecnologias para garantir a bioequivalência dos fitoterápicos e o uso de boas práticas de fabricação ainda são necessárias para que se garanta a eficácia da fitoterapia.Assim a utilização da fitoterapia, as intervenções nutricionais com alimentos e suplementos anti-oxidantes, bem como, as modificações do estilo de vida realizando o gerenciamento aprimorado do estresse através de práticas mente-corpo podem ser úteis para reduzir o risco de ansiedade, depressão e suas comorbidades. Muito importante lembrar que a avaliação das interações medicamentosas entre os medicamentos convencionais e os fitoterápicos sempre deve ser realizada, pois os dois tipos de medicamentos contêm substâncias químicas que podem potencializar ou anular os efeitos uns dos outros. A recomendação e de sempre consultar um profissional de saúde antes de adotar uma pratica alternativa de tratamento associada a uma prática convencional.
Referências Bibliográficas:
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